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O dia que em que eu conversei com o medo

6 de janeiro de 2020. Segunda-feira. Primeiro dia útil do ano.

Depois de passar a virada do ano seguida de alguns dias de descanso com a minha família na chácara, estava me sentindo energizada e confiante para correr atrás dos meus objetivos.

Comecei o dia com meu ritual matinal, inclusive com uma nova prática: escrita livre + meditação + treino na academia do prédio, seguido de uma boa leitura. E um banho e café da manhã pra completar.

Caderno novo em mãos, ocupei a mesa da sala do meu apartamento e comecei a desenhar o meu planejamento para o ano de 2020.

Não sei dizer quanto tempo se passou: 5 ou 10 minutos, meia hora ou 1 hora.

Só sei que congelei. Meu coração ficou acelerado. Os meus ombros se curvaram.

Levantei da cadeira, caminhei até o sofá, sentei bem perto da janela que separa a sala da varanda e olhei lá pra fora: a avenida cheia de carros indo e vindo, buzinas, prédios a perder de vista, e um pouco de verde aqui e ali. A vida acontecendo lá fora.

Fiquei encarando aquela imensidão por algum tempo, ao mesmo tempo em que não enxergava e nem escutava absolutamente nada.

O medo estava me corroendo por dentro. Ele invadiu o meu corpo inteirinho. Lembrando dessa cena agora, fico imaginando que dentro de mim uma tinta vermelha — aquele vermelho bem vivo—percorresse freneticamente todo o meu corpo, sem direção, sem fluxo, sem linearidade. Uma insanidade total.

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Sabemos que nosso organismo tem três reações possíveis ao perigo: fuga, paralisação e enfrentamento. Nesse momento, eu era a paralisação em pessoa. Eu estava literalmente congelada.

Mais uma vez, não sei dizer quanto tempo eu fiquei assim. Não sou capaz de dizer se foram minutos ou horas.

Só sei que — como costumo brincar com algumas amigas — devo ter feito uma longa viagem à Nárnia.

Algo me trouxe de volta ao planeta Terra, a cidade de São Paulo, ao bairro Vila Santa Catarina, a sala do meu apartamento de 49 m2.

E nesse milésimo de segundo que eu me dei conta do que eu estava fazendo, lembro de ter me dito em voz alta: pára com essa merda, Milena.

Você já conhece esse caminho e sabe que essa estrada termina num cenário tenebroso. Rapa fora daí. Levanta a bunda dessa sofá agora e vai fazer algum coisa. Não deixa essa porra desse medo te paralisar.

(Nessas horas, só os palavrões conseguem dar a intensidade necessária pra gente sair da paralisia).

Levantei. Caminhei de novo pra mesa. Tirei tudo que tava lá, tudo que eu já tinha organizado pra começar a trabalhar.

Fui atrás de outro caderno novo que tinha comprado e que não sabia que utilidade teria. (Amo cadernos e canetas, eles estão por toda parte no meu apartamento).

Sentei, chamei o medo e disse: querido, eu sei que o seu único intuito aqui é me proteger e te agradeço, de coração, por isso. Porém, a sua visita precisa ser breve. Não estava preparada para a sua visita e, infelizmente, não há espaço para hospedá-lo. Apenas me diga o que veio me dizer.

Papel e caneta na mão, transbordamento de medo. Não, não era eu quem estava escrevendo. Era o medo.

Mais uma vez, perdi a noção do tempo. Não escrevi tantooo assim, então acredito que tenha sido rápido.

Mas as poucas palavras que o medo registrou naquele papel eram intensas. E, ao mesmo tempo, eram ridículas.

E foi essa ridicularidade toda que me contou: vai, minha fia, monta sua mesa de trabalho de novo e vambora que tem muita vida pra acontecer nesse 2020. E olha que eu nem imaginava tudo que ainda estaria por vir.

Autoconhecimento, autoresponsabilidade, comunicação, desenvolvimento pessoal, emoções, medo

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